- DINHEIRO NO BRASIL -

 

    Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca do Banco Central do Brasil
    Banco Central do Brasil.
    Dinheiro no Brasil / Banco Central do Brasil. – 2. ed. –
    Brasília : BCB, 2004.
    36 p. : il.
    Programa de Educação Financeira (PEF-BC)
    1. Moeda – Livro didático. I. Título.
    CDU 336.74(07)

PRIMEIRA  PARTE  -

Apresentação

            Com o objetivo de divulgar aspectos significativos da história econômica e numismática brasileira, o Banco Central do Brasil coloca à disposição do público esta cartilha, que reproduz os tópicos mais relevantes abordados na exposição sobre o dinheiro no Brasil, em exibição no Museu de Valores.

A mercadoria usada como dinheiro

            O pau-brasil foi a principal mercadoria utilizada no Brasil como elemento de troca entre os nativos e os europeus. Posteriormente, o pano de algodão, o açúcar, o fumo e o zimbo (tipo de concha utilizada nas trocas entre os escravos) foram utilizados como moeda mercadoria. Essas moedas continuaram sendo usadas mesmo após o início da circulação das moedas metálicas.

Açúcar

Fumo

Zimbo

Pano de algodão

Com as expedições, chegam as primeiras moedas

            Com a intensificação das viagens à terra recém-descoberta e a implantação de núcleos de colonização, começaram a circular as primeiras moedas no Brasil, trazidas pelos portugueses, invasores e piratas. A partir de 1580, com a união das coroas de Portugal e Espanha, moedas de prata espanholas passaram a circular no Brasil em grande quantidade.

Real espanhol
(prata)

Cruzado, D. João III
(ouro)

Meio tostão, D. João IV
(prata)

Dois vinténs, D. João IV
(prata)

Tostão, D. Manuel I
(prata)

Vintém, D. Manuel I
(prata)

Dez reais, D. João III
(cobre)

Ceitil
(cobre)

Carimbos alteram o dinheiro

            Em 1642, Dom João IV, rei de Portugal, mandou aplicar carimbos sobre moedas portuguesas e espanholas que estavam em circulação. Esses carimbos aumentavam o valor das moedas.

                                                   

Carimbos sobre moedas portuguesas

Moeda espanhola com vários carimbos

Na invasão holandesa, as primeiras moedas com o nome Brasil

            Durante o domínio holandês no nordeste brasileiro (1630-1654), surgiram as primeiras moedas cunhadas no Brasil, os florins e os soldos. Essas moedas foram cunhadas pelos holandeses para pagar aos seus fornecedores e às suas tropas cercadas pelos portugueses. Os florins e os soldos traziam a marca da Companhia de Comércio da Índias Ocidentais. A palavra BRASIL aparecia no reverso dos florins.

                                                                                

Florins

Soldo

Patacas – Moedas que circularam por 139 anos

            As patacas foram as moedas que circularam por mais tempo no Brasil, de 1695 a 1834. Essa série era composta pelas moedas de prata nos valores de 20, 40, 80, 160, 320 e 640 réis. O valor de 320 réis – pataca – deu nome à série.

20 réis

40 réis

80 réis

160 réis

320 réis (pataca)

640 réis

(o reverso é o mesmo em
todas as moedas da série)

O dinheiro começa a ser fabricado no Brasil

            Em 1694, D. Pedro II, rei de Portugal, criou a primeira Casa da Moeda, na Bahia. Todas as moedas de ouro e de prata em circulação na Colônia deveriam ser enviadas à Casa da Moeda para serem transformadas em moedas provinciais. No entanto, as dificuldades e os riscos do transporte fizeram com que a Casa da Moeda fosse transferida de uma região para outra. Em 1699, mudou-se para o Rio de Janeiro; no ano seguinte, para Pernambuco; e de novo para o Rio, em 1703.

Casa da Moeda da Bahia, 1695.

Casa da Moeda do Rio de Janeiro, 1699.

Casa da Moeda de Pernambuco, 1702.

Casa da Moeda do Rio de Janeiro, 1703.

No apogeu do ciclo do ouro, a moeda que pesava 53,78g

            A elevada produção de ouro no Brasil permitiu a cunhagem da série dos dobrões, moedas de ouro nos valores de 400, 1.000, 2.000, 4.000, 10.000 e 20.000 réis, de 1724 a 1727. O dobrão de 20.000 réis, com 53,78 gramas, foi uma das moedas de maior peso em ouro que circulou no mundo.

400 réis

1.000 réis

2.000 réis

4.000 réis

10.000 réis

20.000 réis

Dobrão de
20.000 réis

(o reverso é o mesmo em
todas as moedas da série)

“Cara ou coroa”

            Em 1727, foram cunhadas as primeiras moedas no Brasil com a figura do rei numa das faces e com as armas da Coroa Portuguesa na outra. Essas moedas deram origem à expressão popular “cara ou coroa” e ficaram conhecidas como série dos escudos.

800 réis

1.600 réis (escudo)

3.200 réis

6.400 réis

12.800 réis

(o reverso é o mesmo em
todas as moedas da série)

O controle da extração do ouro

            As casas de fundição foram criadas para controlar a exploração do ouro e a cobrança de impostos. Os mineradores eram obrigados a entregar todo o ouro extraído a essas casas, onde 20% eram retirados para pagar o imposto denominado “quinto”. O restante era devolvido em forma de barras fundidas acompanhadas de um certificado que legitimava sua posse.

Certificado de barra

                   

Barras de ouro quintado

Moedas de prata para as minas

            Para facilitar o comércio na região das minas, onde os preços eram estabelecidos em função do preço do ouro (1.200 réis para cada 3,586g de ouro), foram cunhadas moedas em prata nos valores de 600, 300, 150 e 75 réis. Para diferenciá-las da série das patacas, devido à proximidade dos valores, foi gravada na nova série a inicial do nome do rei D. José I. Ficaram conhecidas como série “J”.

75 réis

150 réis

300 réis

600 réis

(o reverso é o mesmo em
todas as moedas da série)

Nas faces da moeda, as fases da vida de uma rainha

            As moedas de ouro cunhadas durante o reinado de D. Maria I registraram diferentes momentos da vida da rainha. De 1777 a 1786, apareceu retratada ao lado de seu marido, D. Pedro III. Após a morte do esposo, foi retratada sozinha, portando véu de viúva. A partir de 1789, terminado o luto, passou a ser representada com um toucado ornado de jóias e fitas.

1778

1788

1795

A criação do Banco do Brasil

            Devido à queda na produção de ouro e ao crescimento dos gastos com a implantação da administração no Rio de Janeiro, a quantidade de moedas em circulação tornou-se insuficiente. Assim, em 1808, D. João VI criou o Banco do Brasil, o primeiro banco da América do Sul e o quarto do mundo. Em 1810, foram emitidos os primeiros bilhetes do Banco, precursores das cédulas atuais.

Bilhete do Banco do Brasil

As primeiras moedas comemorativas

            A elevação do Brasil à categoria de Reino Unido, em 1815, foi comemorada com a cunhagem de uma série especial de moedas. As peças em ouro, prata e cobre traziam gravada a legenda “Joannes. D. G. Port. Bras. Et. Alg. P. Reg.” – “João, por graça de Deus, Príncipe Regente de Portugal, Brasil e Algarves”.

                                       

A moeda mais valiosa da coleção brasileira

            D. Pedro I, para comemorar sua coroação como Imperador do Brasil em 1822, mandou cunhar moedas de 6.400 réis, em ouro, conhecidas como “Peça da Coroação”. Por não ter agradado ao imperador, a produção dessas moedas foi suspensa. Foram fabricados apenas 64 exemplares e, por isso, são hoje muito raros.

                      

As primeiras moedas do Brasil independente

            Logo após a Independência, as moedas mantiveram o mesmo padrão das moedas do período colonial, sofrendo pequenas alterações para se adequar à nova situação política. Nas moedas de ouro e prata, as Armas de Portugal foram substituídas pelas do Império e acrescentou-se a frase “In hoc signo vinces” – “Com este sinal vencerás”.

                                                              

Cobre falsificado

            Entre 1823 e 1831, além das casas da moeda do Rio de Janeiro e da Bahia, casas de fundição em outros estados também cunharam moedas de cobre, o que facilitou o surgimento de inúmeras falsificações, principalmente na Bahia. O governo, numa tentativa de acabar com as falsificações, determinou o recolhimento dessas moedas na Bahia, substituindo-as por cédulas do Tesouro Nacional, atualmente muito raras.

Casa de fundição de São Paulo, 1829

Cédula para o troco do cobre

D. Pedro II – Nas moedas, o registro de um longo reinado

            As moedas cunhadas durante os quase 60 anos do reinado de D. Pedro II mostram o imperador em diferentes fases de sua vida: na infância, na idade adulta e na velhice. A efígie de D. Pedro II foi a mais representada no dinheiro brasileiro.

                                                              

Os cruzados substituem as patacas

            Em 1834, a Casa da Moeda do Rio de Janeiro cunhou uma nova série de moedas em prata para substituir as patacas, que circularam durante todo o período colonial. O valor de 400 réis – cruzado – deu nome à série.

                                                                                                        

(o reverso é o mesmo em todas as moedas da série)

Cédulas fabricadas na Inglaterra

            Para uniformizar as cédulas em circulação e acabar com as falsificações, em 1835 as antigas notas do extinto Banco do Brasil e as cédulas para o troco do cobre foram substituídas por cédulas do Tesouro Nacional, fabricadas por Perkins, Bacon & Petch (Inglaterra). Essas cédulas possuíam certas características que dificultavam a falsificação. Foi a primeira vez que o Tesouro Nacional assumiu o monopólio das emissões.

Cédula do Tesouro Nacional, 1.000 réis, 1835

Cédula do Tesouro Nacional, 500.000 réis, 1844

Emissões de bancos particulares

            Com o aumento da população e o alto custo dos metais preciosos utilizados na fabricação de moedas, as cédulas tornaram-se cada vez mais necessárias no decorrer do século XIX. Como a extensão do território brasileiro dificultava a distribuição de cédulas, entre 1836 e  1854, o governo autorizou bancos particulares a emitirem juntamente com o Tesouro Nacional.

Cédula do Banco Comercial do Maranhão,
100.000 réis, 1854

Cédula do Banco do Rio Grande do Sul,
10.000 réis, 1857

Cédula do Banco Comercial e Agrícola,
50.000 réis, 1857

O segundo Banco do Brasil

            O segundo Banco do Brasil, criado pelo Visconde de Mauá, formado pela fusão do antigo Banco do Brasil com o Banco Comercial do Rio de Janeiro, iniciou suas atividades em 1854, na condição de único emissor. Em 1857, para atender às exigências do crescimento econômico, foi autorizada a constituição de novos bancos emissores. O Banco do Brasil voltou a assumir a responsabilidade pelas emissões durante alguns períodos entre 1862 e 1930, quando emitiu papel-moeda pela última vez.

                   

200.000 réis, 1856                                        50.000 réis, 1856

Inovação na fabricação de moedas

            Com a generalização do uso de cédulas, a cunhagem de moedas direcionou-se para a produção de valores destinados ao troco. O cobre foi sendo substituído por ligas modernas, mais duráveis, de modo a suportar a circulação do dinheiro de mão em mão. A partir de 1868, foram introduzidas moedas de bronze e, a partir de 1870, moedas de cuproníquel.

                                                                                                                                  

(o reverso é o mesmo em todas as moedas da série)

As primeiras moedas da República

            Após a Proclamação da República, em 1889, foi mantido o padrão Réis. As moedas de ouro e prata receberam gravação da alegoria da República no lugar da imagem do imperador. A utilização do ouro, na cunhagem de moedas de circulação, foi interrompida em 1922, devido ao alto custo do metal.

                                                                                                                 

(o reverso é o mesmo em todas as moedas da série)

O Tesouro Nacional

            A grande quantidade de bancos emissores provocou uma grave crise financeira. Por isso, em 1896, o Tesouro Nacional passou a ser novamente o único responsável pela emissão das cédulas. Além disso, numa tentativa de uniformizar o dinheiro em circulação, todas as cédulas emitidas por outros bancos foram substituídas por cédulas do Tesouro Nacional. O Tesouro fez sua última emissão em réis em 1936, voltando a emitir no padrão Cruzeiro, de 1942 até 1964, quando foi substituído pelo Banco Central.

                                                                                              

Cédulas de 1897

O 4º Centenário do Descobrimento do Brasil

            Por ocasião do 4º Centenário do Descobrimento do Brasil, em 1900, foi lançada a primeira série de moedas comemorativas da República. A série era composta por moedas de prata nos valores de 400, 1.000, 2.000 e 4.000 réis.

                                                                                                                 

    O tostão – moeda de 100 réis

            Entre 1918 e 1935, com a finalidade de facilitar o troco, foi cunhada uma nova série de moedas em cuproníquel que substituiu cédulas de valores pequenos e moedas antigas. A moeda de 100 réis, dessa série, ficou conhecida como tostão.

                                                                                              

(o reverso é o mesmo em todas as moedas da série)

De 1942 aos dias de hoje

            CRUZEIRO (Cr$) – 1942 a 1967. Em 1942, havia 56 tipos diferentes de cédulas no Brasil. Para uniformizar o dinheiro em circulação, foi instituída a primeira mudança de padrão monetário no país. O antigo Réis deu lugar ao Cruzeiro. Um cruzeiro correspondia a mil réis.

                  

            CRUZEIRO NOVO (NCr$) – 1967 a 1970. A desvalorização do Cruzeiro levou à criação de um padrão de caráter temporário, para vigorar durante o tempo necessário ao preparo das novas cédulas e à adaptação da sociedade ao corte de três zeros. As cédulas do Cruzeiro Novo foram aproveitadas do Cruzeiro, recebendo carimbos com os novos valores. Mil cruzeiros correspondiam a um cruzeiro novo.

                  

            CRUZEIRO (Cr$) – 1970 a 1986. Em março de 1970, o padrão monetário voltou a chamar-se Cruzeiro, mantendo a equivalência com o Cruzeiro Novo. Um cruzeiro novo correspondia a um cruzeiro.

                  

            CRUZADO (Cz$) – 1986 a 1989. O crescimento da inflação, a partir de 1980, foi a causa da instituição de um novo padrão monetário, o Cruzado. Um cruzado equivalia a mil cruzeiros. A maioria das cédulas do Cruzado foi aproveitada do Cruzeiro, recebendo carimbos ou tendo suas legendas adaptadas.

                  

            CRUZADO NOVO (NCz$) – 1989 a 1990. Em janeiro de 1989, foi instituído o Cruzado Novo, com unidade equivalente a mil cruzados. O três últimos valores emitidos em cruzados receberam carimbos em cruzados novos e, em seguida, foram emitidas cédulas específicas do padrão.

                  

            CRUZEIRO (Cr$) – 1990 a 1993. Em março de 1990, a moeda nacional voltou a se chamar Cruzeiro, com unidade equivalente a um cruzado novo. Novamente circularam cédulas carimbadas, com legendas adaptadas e cédulas do padrão.

                  

            CRUZEIRO REAL (CR$) – 1993 a 1994. Em julho de 1993, uma nova reforma monetária foi promovida no país, instituindo-se o Cruzeiro Real. A unidade equivalia a mil cruzeiros. Foram aproveitadas cédulas do padrão anterior e emitidas cédulas novas.

                  

            REAL (R$) – 1994 até hoje. Em 1º de julho de 1994, foi instituído o Real, cuja unidade equivalia a CR$ 2.750,00. Não houve corte de zeros ou carimbagem de cédulas do padrão anterior. O Banco Central do Brasil determinou a substituição de todo o dinheiro em circulação.

                  

Inovações tecnológicas do Real

            Em abril de 2000, foi lançada uma nova cédula de dez reais, em comemoração aos 500 Anos do Descobrimento do Brasil, trazendo como novidade o emprego de um material plástico ultra-resistente, o polímero, que permite a colocação de elementos de segurança de última geração, até então, inéditos no dinheiro brasileiro.

                  

            A cédula de vinte reais entrou em circulação em 27 de junho de 2002 e trouxe um novo elemento de segurança, a faixa holográfica – uma tira metalizada aplicada sobre o papel-moeda –, que produz efeitos visuais holográficos quando movimentada sob a luz. Com estampas multicoloridas do mico-leão e do número 20, a faixa holográfica irá caracterizar de forma singular a nova cédula, tornando mais difíceis as falsificações.

                  

Banco Central do Brasil
SECRE/SUREL
SBS Quadra 3, Bloco B, Ed. Sede
CEP: 70 074-900
Brasília - DF
Produção:
Secretaria de Relações Institucionais do Banco Central do Brasil
Pesquisa e acervo:
Museu de Valores do Banco Central do Brasil 2003

 SEGUNDA  PARTE  -

- A partir daqui, as pesquisas foram realizadas por mim -

REIS de 1833 a 1944
1874 1890
1892 1897
1898 1899
1900
. .
1901 1902
1907 1909
1912 1917
1918
1919
1921
1923
. .
1924
. .
1925
1926
1930
. .
1932 1934
1936
. .
1942
. .
1944
. .
CRUZEIRO  de  1944  a  1974  -  Tesouro  Nacional
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CRUZEIRO  de  1949  a  1974  -  Tesouro  Nacional
.
CRUZEIRO  de  1961  a  1967  -  Tesouro  Nacional
. .
CRUZEIRO  NOVO  de  1967  a  1970  -  Banco  Central
CRUZEIRO  de  1970  a  1986  -  Banco  Central
. .
CRUZADO  de  1986  a  1989  -  Banco  Central
.
CRUZADO  NOVO  de  1989  a  1990  -  Banco  Central
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CRUZEIRO  de  1990  a  1993  -  Banco  Central
.
CRUZEIRO  REAL  de  1993  a  1994  -  Banco  Central
. .
REAL  de  1994  até  hoje  -  Banco  Central
.  
THESOURO  DO  ESTADO  DO  RIO  GRANDE  DO  SUL  -  Década  de  1930
   
 

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